Porque é Natal

E pronto. Resolvem atirar-te em cara um pequeno deslize, daqueles que cometes muito raramente, que não é nada de especial e que não fazem mal a ninguém. E por segundos decides que ías ficar de boca fechada, mas de repente sai-te uma resposta. Uma resposta que não tem nada de mal e que até é a verdade. Para evitar que se torne uma tragédia grega, ficas por aí e viras costas.
Mesmo assim fica tudo amuadinho. Vais à tua vida, fazes o que tens a fazer, mas ficas ali triste no teu cantinho, porque sabes bem que a culpa não é tua. É tudo fruto de preocupações que não são contigo, com as quais não tens nada a ver. Foste naquele momento o elo mais fraco! O saco de pancada que estava mais à mão. Entendes que estejam preocupados, desgostosos, aflitos, receosos, mas a culpa não é tua.
E continuas no teu cantinho. Mas gostavas que de vez enquando, em vez de te chatearem com pequenas coisas em que falhas, reconhecessem aquilo em que acertas e o esforço feito por isso. Sem grandes ondas, porque até nem gostas de muita festa.
Neste momento bastava deixarem-te viver a tua vida, não te chatearem e verem que também estás ali.
Acabas por te calar, porque é natal há que evitar chatices. Acabas por continuar no teu canto, porque é natal. Acabas por não intervir, porque é natal. Porque sabes que é uma altura critica para todos. Porque sabes que há acontecimentos à porta.
Mas porra, custava lembrarem-se que também te custa?