Amarga realidade

O A. esteve cá e eu tive de fingir que estava ocupada. Não gosto disto, mas não quero vê-lo, não quero falar-lhe! Ainda estou demasiado magoada para grandes festas.
Tenho saudades dele, claro que sim. Imensas. Mas não consigo esquecer tudo e agir como se tudo estivesse normal, como se nada se tivesse passado.

O A. é como um irmão para mim, e há cerca de um ano decidiu seguir a vida dele noutro país, junto da namorada. Até aqui tudo bem, só podia desejar muitas felicidades aos dois, pois adoro-os muito. O que não me agrada em toda a história foi a forma como tudo isto se desenrolou, sendo que eu fui pura e simplesmente excluída da vida dele.
O pouco que soube, foi por terceiros. O contacto foi coisa de uma ou duas vezes, embora eu ainda tenha insistido mais, mas ficando sem resposta. Fartei-me, não insisti mais.

Este fim-de-semana esteve cá e eu voltei a saber por outras pessoas. Queria encontrar-se comigo, não acedi ao convite. O pior é que não foi ele que me convidou, foi uma amiga comum.
Nunca tivemos segredos, sempre partilhamos tudo. Além de irmãos-amigos, somos primos. Nunca tivemos uma discussão, nunca estivemos chateados. Sempre o apoiei nas ideias dele, dei-lhe a maior força de cada vez que tinha de se separar da namorada. Sem querer qualquer tipo de louros, fui eu que os apresentei, fui eu que impulsionei o relacionamento dele. Fiz um grande sacrifício para que pudessem estar juntos da primeira vez.

Agora deparo-me com uma amarga realidade. Ou eu não o conhecia ou ele não me conhecia, para não ter a noção que tudo o que fez e faz me magoa, e muito.
Não sei se voltaremos a ser o que éramos, se sequer voltaremos a ser alguma coisa. E isso, assusta-me!