Páscoa

A minha Páscoa cheira a pinheiros, a ar puro e a erva verdinha (também cheira a vacas, cabras e estrume). Tem sabor a cabrito, batatas e arroz, tudo no forno e manteiga a derreter no pão acabado de fazer. Tem som de risos de crianças, de "aleluia, aleluia" e foguetes.
Levantava-me sempre cedo para ir com o meu pai apanhar flores para enfeitar a mesa da Páscoa, onde púnhamos amêndoas, um bolo que na realidade era pão e um envelope com dinheiro para depois o padre levar (coisa que eu sempre achei estranha).
A minha Páscoa, a da minha infância foi passada rodeada da minha família materna, daqueles que amo e que me amam muito. Foi rodeada dos irmãos, dos primos que eram como irmãos. Dos doces que todos gostávamos, das brincadeiras, das conversas emocionantes, dos risos. Da alegria.
Hoje em dia tornou-se apenas uma data, este ano principalmente, mas mesmo assim fizemos um esforço. Tivemos cabrito, batatas e doce. Tivemos conversas e algum riso. Fomos apenas aqui os de casa e um irmão do meu pai, mas foi bom.
A vida vai passando e vai moldando-nos aos acontecimentos. Mas há aqueles momentos em que tentarei sempre voltar ao sítio onde fui feliz.

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