Ninguem gosta da morte [RIP Enke]

Sempre tive uma reacção muito propria à morte. A pior que tive até hoje foi quando me deram a noticia de que um tio meu tinha morrido. Estava na faculdade com uns amigos, recebi uma chamada, do outro lado a minha mãedrastra deu-me a noticia. So tive tempo de me encostar à parede e escorregar até ao chão.
Não era que fosse o meu tio preferido, aquele com quem tivesse uma relação afectiva enorme, mas não estava à espera e sabia o quanto ele gostava de viver.
Não reagi assim a mais ninguém até agora. Nem à morte dos meus avós materno, do meu avó paterno, de outros tios, da avó emprestada, de conhecidos.

Acho mesmo que o choque nem foi igual ao que tive, quando confirmei as minhas desconfianças de que os meus irmãos e a minha mãe não tinham sobrevivido ao que quer que fosse que me tinha jugado para a cama do hospital em que acordei. Na altura passei dias a juntar peças de um puzzle que não entendia. A unica certeza era que não sabia deles, que estava sozinha naquele hospital sem saber o que me tinha acontecido. Talvez por isso, dias mais tarde quando o meu pai me contou o sucedido, apenas chorei o necessario para libertar a dor e não o choque.

Será por isso e por ter eu mesma enfrentado a morte de frente, que a encaro como algo definitivo, não há nada a fazer, não vale a pena fazer um pranto e saltar em histerismo (pelo menos até agora). Claro que sinto a perda, que não gosto, que me deixa desconfortável, que acabo por me lembrar do passado e talvez até, chorar o que não chorei na altura devida, derramar uma lágrima.

Hoje foi um dia desses. A noticia da morte do Enke apanhou-me de surpresa. Pois, não o conhecia, não sabia dele mais do que todos sabemos. Antigo guarda-redes do benfica, da selecção Alemã, pouco mais.
Não sei se o facto de saber isso, de ser uma pessoa jovem, se das circunstâncias da morte, mas dei por mim a sentar-me...e a derramar uma lágrima.

Estarei hoje sensivel? Serei demasiado lamechas? Serei apenas humana?

3 comentários:

  1. Comigo foi a minha avó.
    Morreu no dia no meu décimo aniversário e soube quando acordei de manhã e fui ter com a minha mãe e perguntei "Então mãe, não me dás os parabéns?".

    Fiquei em estado de choque e passei o dia sem conseguir chorar enquanto à minha volta toda a gente me abraçava, porque sabiam o quanto eu era a neta preferida.

    Hoje em dia o meu aniversário tem sempre um sabor agri-doce, mas sozinha faço sempre um brinde a nós duas e desejo do fundo do coração continuar a ser o orgulho dela.

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  2. A mim a morte que mais me custou foi a da minha bisavó, quando eu tinha 8 anos. Sempre tive uma relação mto próxima com ela, adorava-a mesmo, como é natural. Lembro-me como se fosse hoje...cheguei a casa vindo duma jogatana de futebol na rua (lembro-me tão bem como tinha os ténis todos enlameados...curiosos estes pormenores), e vejo o meu pai sentado no sofá com as maões na cabeça, ele que era (e é) sempre tão bem disposto. Vi logo que algo estava mal e no meu íntimo soube logo o que era. Quando ele me disse, abraçando-me ao mesmo tempo, o chão fugiu-me dos pés. Tive naquele momento a noção que nunca mais a ia ver nem falar com ela...

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  3. E acabei de receber a noticia da morte da tia (no fundo a mae qe a criou) de uma das minhas melhores amigas. Era coisa qe até ja estava à espera, estava doente. Mas estou revoltada! Nao devia ser assim, fazia cá tanta falta...estou revoltada!!

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Qualquer coisinha, prometo ler com toda a atenção =)