Mesmo que tomada pelo Alzheimer, nunca me vou esquecer:


Dos meus irmãos.

Foi a ler um post de um blog que leio regularmente, que me apeteceu escrever sobre eles.
Tinha 5 anos de diferença para a minha irmã mais velha e 9 para o meu irmão mais novo. Sempre me senti em igualdade com os meus irmãos, mesmo quando o pequenino nasceu, mesmo precisando ele de mais atenção.
Brinquei muito com a minha irmã, discuti, andei à porrada, andei aos mimos, aos beijos, passeei, adorava dormir com ela.
Partilhei com ela os seus primeiros amores, as suas primeiras desilusões, mas a diferença de idades a certa altura nota-se e ela deixou de me contar tanto as coisas. Não estranhei porque os meus interessem eram também outros.
Depois apareceu o pirralho. Já ninguém esperava, foi o safado, mas aqui a menina com o seu sentido muito apurado (não sei se o sexto, se qual é), andava com uma vontadezinha enorme de ter um irmão. Irmão mesmo, porque eu sempre quis ter um rapaz como irmão e era até mais velho, mas pronto, foi o que se arranjou. E foi a felicidade.

Eu: Yupi, yupi que vem aí um menino.
Pai: Tem lá calma que pode ser uma menina.

E trata de arranjar nome para a menina. E porque se gostava de pôr o nome da avó, e da tia não sei quantas, blablabla.

Eu: E nome de rapaz? Já arranjavam um. Eu quero que seja M.

E vai de ninguém ligar à fedelha, afinal já eram duas miúdas, também diziam que eu ia ser um rapaz, e saiu isto que para aqui se vê.
Vem a bendita ecografia, e a confirmação de que aqui a menina é que sabe. Um rapaz, a continuação da família. O meu sonho tornado realidade!
Levou com o nome do pai, ficando o M. para segundo nome, mas sendo pelo qual sempre foi chamado, assim como eu, que quase ninguém sabe o meu primeiro nome.
Foi mimado pelas manas, a mais velha que queria ser já uma senhora e eu que queria participar. Mudei muita fralda, dei muito banho, fui buscar muitas vezes à creche, tomei muitas vezes conta dele.

O M. tinha um atraso na fala, mas era um miúdo inteligentíssimo. Sem ninguém lhe ensinar, um dia desata a dizer a marca de todos os carros que por nós passavam na rua, adorava as letrinhas no fim dos filmes e uma musica dos Ugly Kid Joe, na qual sabia dizer no tom e tempo certo a bela palavra inglesa “you”. E tinha uma adoração, tal como eu, por carrinhos de brincar em miniatura.

Agora que não os tenho, dou-lhe ainda mais valor. Enchiam a minha vida de cor e alegria. Não sei como há irmãos que não de dão, que se debatem em tribunais por causa de dinheiro, terras e imóveis, que se matam sem dó nem piedade.

Dava a minha vida, para que eles tivessem a deles!

3 comentários:

  1. Só tenho uma mana... mas estamos sempre muito preocupados um com o outro, há sentido de família.
    Também só depois de entrar na vida profissional me começaram a conhecer pelo 1º e ultimo nome, antes também era o 2.º... e em casa e chegados ainda é, se bem que isto às vezes não é fácil gerir!! :)

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  2. gostei do post, mas fiquei triste, percebi bem? ja nao tens os teus maninhos contigo? :S

    nem imagino o que seja...

    beijocas
    gostei do cantinho

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  3. Melodia: Percebes-te. Fatalidades da vida.
    Obrigada ;)

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Qualquer coisinha, prometo ler com toda a atenção =)