O meu Verão tinha um mês em casa a aturar a minha irmã mais velha, a brincar a tudo o que me vinha à cabeça, a ver desenhos animados, a empoleirar-me na janela a ver quando os meus pais chegavam do trabalho, a fazer praia no chão da sala, a ir à praia só ao fim de semana para Galapos, Figueirinha ou Fonte da Telha e a passar o resto da tarde na mata a apanhar pinhas.
O meu Verão tinha um mês inteiro na minha terra (dos meus pais, vá), com os primos que apareciam há vez e por pouco tempo, mas tinha correrias na rua à vontade, carros de vacas, rebanhos de cabras bem cedinho, os moços mais velhos de mota, os emigrantes com os penteados de há 10 anos, os carrões com a música pimba do momento e os filhos a falarem francês como se eu não percebesse uma única palavra (ahah, eu percebia, mas fingia que não).
O meu Verão tinha cheiro a pinheiros, salpicão, bolo de anos, tortas da Dancake, pudim flan, sopas de leite, Nestum com leite de cabra e chocolates da Suiça.
O meu Verão tinha o som da música das festas das aldeias ao longe, dos sinos dos rebanhos, das crianças na rua, do sotaque do norte, das queixas da minha avó, do riso do meu avô e dos grilos à noite. Tinha o som do silêncio.

Agora nem por isso, e tenho muitas saudades.

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